Épica! É a palavra que melhor descreve a minha aventura do último fim‑de‑semana.
“Foi mais uma aventura em bicicleta, como tantas outras”, dirão. Mas a verdade é que foi muito mais que isso.
Nunca esta alminha tinha estado num aglomerado tão grande de outras alminhas, com os seus fatos de licra e as suas imponentes máquinas de sugar quilómetros de estrada, para participar numa prova organizada, ainda por cima pela zona de Setúbal, Sesimbra e Arrábida. O ambiente a que assisti e do qual fiz parte, foi algo que nunca tinha vivenciado.
Saímos de casa bem cedo em direcção à desgastada ponte 25 de Abril, de onde seguimos para Setúbal. Ali fizemos um abastecimento à base de um croissant de chocolate e um abatanado (sim, que eu sou um atleta mas não sou muçulmano, logo não tenho de praticar nenhum tipo de Ramadão ou lá o que seja).
Fizemos os últimos preparativos debaixo de um sol envergonhado que teimava em esconder-se atrás das nuvens presentes.
Essa conjugação levou-nos a crer que os senhores da meteorologia poderiam ter-se enganado e que talvez pudéssemos ter as condições ideais para uma prova daquelas. Mas foi sol de pouca dura.
Ainda não tinha sido dado o arranque da prova, enquanto aguardávamos ansiosamente pela ordem de partida, decide cair o Carmo e a Trindade sobre nós.
Levou-me a pensar se não estaríamos melhor numa prova de gaivotas, aquelas barcas coloridas que se aportam durante o verão na praia da Figueirinha, ali mesmo ao lado. Mas não tinha saído de casa para isso, até porque o mar não estava para brincadeiras, e corajosamente lá arrancámos, encharcados que nem os patinhos no lago para cumprir os quilómetros a que nos tínhamos designado.
O percurso foi marcado por uma inconstância no estado do tempo. Ora o sol aparecia, ora chovia na companhia do Adamastor.
Mas o momento mais desafiador do dia acoplou-se numa simbiose perfeita com o mais espetacular. Refiro-me à passagem pelo Portinho da Arrábida e praia dos Galapos, bem como todo o percurso de regresso a Setúbal. No meio de uma paisagem de cortar a respiração fomos brindados com uma monumental queda de granizo que testou toda a nossa capacidade para estas lides.
Tínhamos como mental coach a natureza e a criação divina ali testemunhada. O que mais adorei foi ter feito aquele troço de estrada sozinho, o que me permitiu desfrutar de outra forma daquele pedaço de paraíso. Simplesmente espetacular!
A chegada à meta é feita num ambiente de festa que faz com que todo o esforço tenha valido a pena. Já o prémio de consolação foi entregue numa bandeja recheada de choco frito, obrigatório naquelas paragens.
Foi mais uma vivência que se juntou a tantas outras já vividas e que faz com que valha a pena cada recordação que guardamos na nossa memória. Que a idade não nos leve esse registro que guardo com tanto carinho.