segunda-feira, 23 de julho de 2018

Viagens d’um Maçarico - O sonho escocês - parte 2


 
 Não consigo esquecer a viagem mais marcante da minha vida. Pode parecer que estou a ser um pouco exagerado, mas o que querem? É o que faz não ser um sujeito dos mais viajados.
 Neste segundo texto sobre a minha viagem vou focar-me sobre a ilha de Sky, o lago Ness, Inverness e o regresso a Edimburgo por uma das estradas mais bonitas que percorremos.
Chegados a Mallaig dirigimo-nos ao Porto marítimo para apanhar um ferry para outro destino de natureza pura, onde parece que o tempo parou, a ilha de Skye. 
 Durante a viagem, e enquanto nos aproximávamos da ilha menor a paisagem era cada vez mais espetacular. A vista para a baía de Armadale era lindíssima, com as suas casas estrategicamente colocadas no meio do verde e viradas para o mar, faziam daquele lugar mais um cenário de sonho.
Chegados a terra seguimos de imediato para Elgol, não tanto pela beleza dessa aldeia encostada ao mar, mas mais pela beleza de todo o percurso até lá que faz daquele trajeto um momento marcante da nossa viagem.


 Dali partimos numa viagem algo cansativa, já marcada pela manhã atarefada e cheia de locais paradisíacos, até Dunvengan onde iríamos pernoitar. Mas ainda naquele dia, antes do jantar fizemo-nos à estrada, se é que se pode chamar aquilo de estrada, para conhecer o Neist Point Lighthouse, um farol erigido numa escarpa e com uma vista de cortar a respiração. Para que não tenhas uma surpresa, atenção que no fim da estrada, espera-nos uma caminhada de 15 minutos para cada lado. Mas vale bem a pena.
 De volta a Dunvengan, foi ali, na verdadeira morada do clã McLoad que experimentamos a essência da cozinha escocesa no Restaurante The Old School. Excelente ambiente, boa cozinha e pessoal simpático. É recomendável marcar mesa pois enche com facilidade. Aliás quanto às refeições convém ter em atenção que a partir das 22 horas é difícil encontrar restaurantes abertos. É uma cultura diferente da portuguesa onde se come a qualquer hora e em todo o lugar, o mais não seja numa roulote qualquer. Na Escócia não é assim.








 No dia seguinte fizemos o nosso roteiro pela ilha de Skye pela seguinte ordem Dunvengan, Uig, The Quiraing (aqui paramos mais de meia hora só a apreciar a vista), Kilt Rock and Mealt Falls, Portree e de volta à ilha maior. Não posso deixar de salientar a beleza da vila pitoresca de Portree, com as suas casas coloridas e as suas ruas cheias de gente que tornam o comércio de rua uma atração local.



 Saí de Skye com o coração cheio e a ideia de que coisas simples podem tornar a vida tão boa! 
 Mas Skye teria de ser a muito custo apenas uma boa memória que jamais quero perder. Mas ainda havia tanto para visitar e o tempo era escasso. Logo saímos em direção a um dos pontos altos da nossa road trip, o Eilean Donan Castle, o castelo mais fotografado da Escócia. É simplesmente brutal. Uma simbiose perfeita entre a mão de Deus e a mão humana. A paisagem natural era espetacular e a forma como há alguns séculos atrás decidiram anexar àquela imagem um castelo só mostra que sempre foram pessoas de muito bom gosto.



 Visto e fotografado este monumento nacional, seguimos em direção ao lago Ness e ao Castelo de Urquhart.  Este era um dos castelos que queríamos visitar, por toda a envolvência, pela história, e que tem uma visita muito bem planeada da qual destaco o filme que conta a história daquele local e que acaba de uma forma espetacular. Não vou contar para ser surpresa.



 É importante referir que todo o percurso desde a entrada na ilha maior é de uma beleza incondicional. 
 Chegámos a Inverness já bem tarde, sendo que fomos os últimos hóspedes do B&B Jacobite Rose.
 A curta estada em Inverness foi muito agradável. Era sexta-feira e a cidade ganha outra vida com pubs e bares por todo o lado, cheios de gente local que fazem questão de se aperaltarem como se fossem a um casamento. É uma cidade que mistura bem o desenvolvimento com a história do país, a arquitetura moderna com os edifícios antigos. Muito comércio de rua, um tanto ou quanto virado para o turismo. Adorei esta cidade. 
 No outro dia, já de barriga cheia, culpa de um pequeno-almoço monumental, que aliás era costumeiro naquelas bandas, seguimos pela A9 em direção a Edimburgo. 
Contudo, não fizemos esta estrada, que é um misto de auto estrada e via rápida, até o fim. Saímos em Ballinluig pela A827, uma rota turística com muitos pontos de interesse com muitas imagens fotográficas à mistura. A primeira paragem foi na Ian Burnet, Highland Chocolatier, uma chocolateira que trabalha cerca de uma tonelada de chocolate por semana. Experimentamos uma fatia de bolo de chocolate, acompanhada por um reconfortante chocolate quente aveludado. Recomendadíssimo! (Será que esta palavra existe?)



 Partimos já atrasados mas sem pressa para visitar a destilaria de whiskey mais antiga da Escócia (é que vir à Escócia e não visitar um destilaria... vocês sabem), a Famous Grouse Experience. Não é onde agora se faz este famoso whiskey mas ainda se produz ali, de forma artesanal, um single malt que pertence à mesma família.



 Foi uma visita muito interessante e bonita pois a destilaria está no meio do paraíso.
 Voltamos a Edimburgo de coração cheio de uma imensidão de experiências vividas, onde ainda pernoitamos pois o Avião era só no dia seguinte. Não viemos embora sem experimentar um pequeno-almoço almoço diferente num ambiente descontraído mas cheio de vida no Artisan Roast Caffe. Vale a pena a visita o mais não seja para beber um latte personalizado. 



 Esta viagem valeu cada quilómetro, cada bater do coração e cada momento de silêncio enquanto nos deliciávamos com a paisagem. E ficou tanto para ver...
 Exigiu uma boa planificação mas resultou bem e conseguimos ver o que nos propusemos. 
 De volta a Lisboa as saudades do Bailey eram mais que muitas. Foi um encontro emotivo e cheio de ternura. O sujeito permitiu-nos assim voltar à rotina com menos custo.
 Mas a Escócia, essa ficará sempre no meu coração. Um sonho tornado realidade. 
 

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Viagens d’um Maçarico - Escócia - Vale a pena sonhar

Sabes aquele momento em que ages por impulso e tomas decisões que depois reconheces que teriam sido melhor de outra forma? 
 Foi assim com a adopção do Bailey. Ainda agora tinha chegado ao nosso meio e já nos íamos separar. Tudo por causa da há muito planeada viagem à Escócia. 
Era um sonho prestes a ser realidade. Mas havia o 4° elemento, que não era um impecilho, muito pelo contrário, mas obrigava a um planeamento cuidado. 
Comecei por procurar um hotel para cães onde ele pudesse ficar durante a nossa estadia, mas por ainda não ter todo o plano de vacinação isso não era possível. Até que um casal amigo, sabendo da nossa situação, ofereceu-se sem hesitar, para hospedar o amigo de 4 patas. De início não achamos boa ideia, ia ser um trabalho extra para alguém que já tinha uma vida muito ocupada, ainda por cima num período em que o sujeito exige mais atenção. Mas eles insistiram e lá foi ele de férias para Alenquer. Um viajado o moço, ainda agora tinha nascido e já tinha passado por Pombal, Prior Velho e Alenquer.
 Assim, lá partimos nós, com o objectivo bem traçado da realização de um sonho de menino que era conhecer o país do clã MCLeod e onde as saias eram mais do que um símbolo feminino.
 Seguimos numa terça de manhã de Lisboa para Edimburgo, onde chegamos ao início da tarde.






A cidade era muito simples de percorrer a pé com as principais atrações bem perto umas das outras. É uma cidade com muita história da qual fazem parte o Castelo, a Royal Mile, a Princess street e a imponente vista da Calton Hill.
Ali dormimos a primeira noite, sendo que foi no dia seguinte que arrancamos para a parte mais épica desta viagem, o roteiro pelas Highlands. Antes disso uma incursão a Stirling, onde visitamos o monumento de homenagem a William Wallace, um dos principais líderes na luta pela independência da Escócia. 




Vale bem a pena a visita, quer pela envolvência, quer pela história. 
 De seguida, agora sim, em direcção às Highlands. Ali encontramos o estreito de Glencoe onde o mais exuberante dos seres humanos se deve sentir pequenino, pequenino! 














Essa vista e a chegada ao B&B onde íamos dormir marcou aquele dia. Era deslumbrante a natureza que rodeava o nosso quarto, com um lago que servia de espelho às montanhas que rodeavam as suas margens e que entrava pela janela do nosso quarto a dentro. Já agora, o nome do B&B é Campfield House e ficava à entrada de  Fort William.
No terceiro dia e com o pequeno almoço tomado fomos até ao parque de Glen Nevis onde voltamos a perder o fôlego com a natureza em estado bruto que marcava toda a paisagem. Chegou a ser cenário do filme Braveheart onde se construiu uma aldeia à época, de raiz. Essa aldeia já não existe, mas o cenário envolvente responde bem à questão sobre o porquê na escolha daquele local. Riachos, serra, verde e um silêncio ensordecedor só interrompido pelo vento que soprava e de um carro que de quando em vez tentava estragar aquele momento mas sem sucesso.




De seguida seguimos em direção a Mallaig no rasto da linha férrea do famoso Jacobite, o comboio a vapor que transportava os aprendizes de mágicos no filme Harry Potter. 


Pelo meio chegámos a Glenfinnan, uma pequena localidade com uma vista de cortar a respiração para mais um dos lagos que acompanham todo este percurso. De um lado a água, do outro o viaduto de Glenfinnan onde circula o dito comboio e que apareceu no mesmo filme. Visita obrigatória!



 Aliás toda a viagem é embelezada com cenários usados pelos melhores produtores cinematográficos.
Mas a nossa road trip não se ficou por aqui. 
 Muito em breve partilharei convosco o resto da minha viagem de sonho. Até lá sonhem também. Boas viagens!