quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Agosto 2017, what else?



Não. Não foi pura coincidência. O tema deste post foi mesmo uma cópia barata de um anúncio a uma marca de café bem conhecida, que por acaso é a que uso em casa. (Espero não ser acusado de plágio).
 Mas o clima que temos sentido ao longo deste verão leva-me a desejar o Agosto com mais ansiedade do que é normal. O vento é uma constante que faz parecer que o raio de um anti-ciclone veio fazer férias aos Açores e deixou um rasto que se sente desde o início do verão. Claro que para o turista que visita a capital, esta brisa até é agradável para passear pelas ruas cheias de história. Mas para o típico veraneante da Costa da Caparica e arredores, Deus me livre, esgota a paciência ao mais calminho dos frequentadores da costa portuguesa. Foi um verdadeiro golpe de rins, uma entrada a pés juntos esta partida com que o verão decidiu presentear-nos.
 Claro que estou a generalizar e a pintar o país todo com a mesma tinta. Mas também sei que tuga que é tuga, passa sempre umas férias bem escaldantes com um clima havaiano, nem que na realidade esteja a ir tudo pelos ares, do chinelo ao chapéu de sol e a ser cobaia de uma esfoliação à base de areia da praia. 
 Também não deixa de ser verdade que férias são sempre férias e que por isso, quer chova quer faça sol, sabe sempre bem oxigenar a massa cefálica com ares de outras terras. 
 Mas é injusto dizer que foi sempre assim. Dias houve em que se conseguiu passar uns momentos agradáveis que permitiram tirar fotos como o por do sol no início deste post. Que o mês de Agosto seja mais rico em momentos assim.
 Na ordinarice disfarçada, presente em algumas músicas, que fazem as delícias dos estudantes na queima das fitas e dos imigrantes no verão, encontramos comumente a letra que nos diz de forma insinuosa que o melhor dia para casar é o 31 de Julho porque depois entra "Agosto".
 Duvido que assim seja, mas espero que seja o melhor período para ir de férias, que o raio do anti-ciclone esteja a acabar as suas e vá trabalhar para outro lado. 
Estou quase a começar as minhas e convido o vento e o frio a irem gozar as deles na outra metade do planeta. Boas férias!!

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Anos 80 - Viagem ao passado



Hoje foi dia de brincar ao passado, ainda por cima da melhor maneira que há, com a Didi. Foi bem cedo, pela manhã, que surgiu a ideia de pôr o Velho gira-discos a funcionar. Ela tem um gosto especial pelo som gasto e seco, debitado pela pequena agulha que toca com subtileza no vinil que dança em movimentos contínuos, como se dum carrocel se tratasse. Aliás, ela tem um interesse incomum pelos objectos, música e outras modas que fazem dos anos 80 uma época imortal na nossa mente e no nosso coração.
 A vontade era tão grande quanto o desafio que se apresentava - onde arranjar a dita agulha que faria com que todo o carrocel funcionasse de forma tão coordenada. Começamos por fazer uma pesquisar bem ao estilo do século XXI, como não poderia deixar de ser, na internet. As lojas eram muitas, mas agora saber onde encontrar uma agulha tão velha como o tempo, nas modernicimas lojas de som e imagem, era o mais complicado. 
 Após alguns contactos à maneira antiga, cara a cara, soubemos da existência da AV4HOME, uma loja de som e imagem na rua das Portas de Santo Antão, em Lisboa, junto ao coliseu. Escondida no meio de uma dúzia de restaurantes turísticos que pautam a vida daquela rua, encontrámos as escadas que nos levavam ao balcão apetrechado por todos os aparelhos electrónicos e os respectivos acessórios que os fazem funcionar. 
 Tirei do bolso dos calções mostarda a pequena cabeça isenta de agulha e perguntei se tinham o que era necessário para que aquele aparelho não fosse apenas uma peça obsoleta, util apenas para decoração ou mais um item de um centro de reciclagem de material electrónico.
 Fiquei espantado quando, sem qualquer apreensão, o funcionário (ou dono) da loja, abriu uma gaveta e tirou de lá a respectiva agulha. Agiu como se vender aquela peça fosse o negócio mais comum daquela loja. Até poderá ser, mas o meu desconhecimento acerca daquele assunto fez-me parecer que tinha aberto a caixa de pandora dos gira-discos. 
 Saídos dali não demorou dois minutos até a Didi anunciar uma fome de tombar de fraqueza. A intenção era claramente cravar o almoço num dos restaurantes da redondeza, mas eu tinha outros planos.
 Matamos o bicho na Fábrica da Nata, nos Restauradores. Do aspecto fabril da sala de atendimento, que mais parece uma colmeia onde os colaboradores sabem exactamente qual a sua função, numa simpatia que convida a voltar, até às salas de degustação, com seu estilo de uma mistura entre o tradicional, derivado dos azulejos tipicam portugueses, e o burlesco, resultado dos lustre suspensos no tecto a dar ideia de uma casa do século XVII, deliciamo-nos com tão típica iguaria. 
 O Pastel de nata ali é rei e o vinho do Porto conselheiro principal. Talvez devido ao meu conservadorismo, fiquei-me pelo café a acompanhar a nata, afinal ainda era de manhã, mas a vontade do Porto, essa ficou marcada pela saliva que me nascia na boca. Não volta a acontecer. O desejo é a maior vítima de homicídio da história e neste caso há que manter a tradição.
  Já mais reconfortados decidi fazer outra surpresa à Didi. Continuar a viagem pelos anos 80 e oferecer-lhe o vinil que ela tanto desejava. A artista não era da década de 80 mas era o que ela queria. Lana del Rey era o objectivo e conseguimos o único disco disponível a loja. Que sorte! Mas acho que esta esteve do meu lado para ver a satisfação de um pai por ver a sua filhota feliz. São momentos destes que me fazem crer que não há melhor vida do que viver, ainda mais junto dos que nos são importantes. 
Para ti Didi, porque tudo.