segunda-feira, 22 de abril de 2019

Viagens d’um Maçarico - Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros



 Como preparação para aquela que vai ser a nossa primeira grande viagem de mota, eu e a pendura saímos para mais um passeio de mota, desta vez pelos traçados do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Foi num sábado soalheiro de primavera que entramos na A1 até à saída do Carregado, com o objectivo de apanharmos a N3 que nos levaria até Pernes. Pelo caminho era impreterível uma paragem em Santarém para deliciarmo-nos com um dos melhores pampilhos da região, na Pastelaria Bijou. Um delicioso travesseiro com creme de ovo que faz da sua degustação um pecado delicioso de se cometer. Reconfortados com o doce e o café, seguimos até Pernes, onde seguimos as indicações para Alcanena até encontrarmos as indicações para Olhos de Água, a famosa praia fluvial da nascente do rio Alviela. 


A pendura a refrescar-se com uma grande vista.


A Stromina a apreciar as vistas.


Praia fluvial Olhos de Água, nascente do rio Alviela.

 Que bem que se está ali. Uma praia com um relvado adjacente, equipada com tudo o que é necessário, desde balneário, churrasco e lavadouros, bem como um café restaurante, com uma esplanada com uma vista espetacular. Ali nos refrescámos com uma água enquanto apreciávamos a paisagem. A pendura estava encantada. 
 Dali seguimos em direção a Vale de Meios, uma pedreira que esconde no seu interior vestígios da presença de dinossauros. É impressionante a forma como as pegadas são tão nítidas, mostrando mesmo a direção que os bicharocos tomaram. Ali começamos a perceber que aquelas serras tem muito para descobrir. 


Pegadas de dinossauros em Vale de Meios.


Pegadas bem delineadas.

 Dali tomamos a N362, numa descida que é um verdadeiro carrocel de curvas contra curvas até Mosteiros, de onde seguimos até Sourões para tomarmos uma subida alucinante até Casais Monizes e que depois nos leva por uma planície até Vale de Ventos, onde parámos  no restaurante Casa Velha para degustarmos um cozido à portuguesa do melhor que já comemos. Do pão às sobremesas, tudo é caseiro ali. Recomendado! 
 De barriga cheia, partimos em direcção ao Arrimal para ver as lagoas grande e pequena que são dos raros espelhos de água que há neste parque natural, isso acontece porque estas serras são um autêntico queijo suíço e a água infiltra-se toda no seu interior.


Lagoa Pequena, Arrimal.

 Seguimos depois até o Serro Ventoso para convergirmos em direcção a Chão das Pias para visitarmos a Fórnea, um monumental anfiteatro natural que nos faz sentir bem pequeninos. Daqui avistamos a Fórnea a partir do cimo mas é possível visitá-la a partir do fundo através de um trilho a partir de Alcaria.


Fórnea vista de cima.

 Dali seguimos até A Serra de Santo António para apanharmos a magnífica CM1349 que liga esta localidade a Alvados. Espetacular esta estrada municipal que podemos enriquecer com a espetacular descida até Porto de Mós. Um autêntico parque de diversões para os amantes das duas rodas. 


Estrada Municipal 1349 entre Serra de Santo António e Alvados

A Caminho da Serra de Santo António 

Seguimos depois pela N1 até Alenquer para voltar a apanhar a A1. Não entramos antes na autoestrada porque a N1 é muito bonita de se fazer entre Rio Maior e Alenquer.
 Mais um passeio que nos enriquece a alma e prepara-nos, a mim e à pendura, para a primeira grande viagem que faremos em Junho. Boas voltas!

sexta-feira, 29 de março de 2019

Viagens d’um Maçarico - Por terras do Sado e do Mira- Em modo duas rodas.



Pois é, decidi dar asas a um sonho antigo e, se me permitem a expressão, voar pela estrada fora. Adquiri a minha primeira mota e fiz tudo aquilo que não se deve fazer quando pensamos em aventurar-nos no mundo das duas rodas. 
 Nunca tinha andado de mota na minha vida, não contando com a acelera que um amigo me tinha emprestado durante a adolescência. E eis que mais de 20 anos depois, o bichinho volta a acordar e com outra maturidade e certeza daquilo que se quer.
 Foi assim que decido tirar a carta e comprar a moto que me levará numa viagem pelos picos da Europa. 
 Até aqui tudo bem, não fosse a ordem cronológica destes acontecimentos estar completamente trocada. 
 Comprei a moto enquanto ainda estava a tirar a carta. Ficou adormecida até ter ordem para voltar ao activo. Estudei a viagem e reservei as noites nos Picos mesmo sem ter licença legal para conduzir, mesmo sem saber como iria ser a adaptação à condução em duas rodas, mas se aguentei uma semana de bicicleta, de norte a sul do país, de mota não deve ser pior, digo eu. 
 Ir à aventura é isso mesmo, um logo se vê.
 Entretanto, tenho feito alguns passeios superiores a uma centena de quilómetros afim de me adaptar à Vstrom com a minha pendura preferida, a Susana. Desta vez foram não uma, não duas, não três, mas mais de 5 centenas de quilómetros por terras do rio Sado e do rio Mira.
 Saímos de Lisboa com um vento descomunal pela Ponte Vasco da Gama em direção ao Montijo, seguindo depois por Pegões até Alcácer do Sal afim de tomarmos a N253 até à Comporta. Mas antes não podia deixar de matar uma curiosidade antiga que era conhecer o cais palafitico da Carrasqueira. Valeu a visita pela beleza natural do estuário do Sado, partilhado pelas artes de pesca da população local que faz do rio a sua vida.  Dali seguimos pela N261 até Melides, onde seguimos em direção a Vila Nova de Santo André para apanhar a novíssima A26 até Sines e divergir por São Torpes até Porto Covo por uma das mais belas estradas municipais do país. De mota, carro, bicicleta, burro ou a pé, vale muito a pena fazer aquele percurso que anda de mãos dadas com um bocadinho da costa portuguesa. 


A pendura no Cais Palafitico da Carrasqueira 


O Motard mancebo em Porto Covo

 Depois de umas fotos que ficam bem em qualquer álbum de viagens, seguimos com uma fome proporcional ao enchimento da alma até Vila Nova de Milfontes onde nos aconchegamos na gastronomia Alentejana que caracteriza a Tasca do Celso, um dos melhores restaurantes locais. Os seus petiscos e gastronomia local, conjugado com o saber receber, torna a passagem ali quase obrigatória num passeio pela costa alentejana. 


A Tasca do Celso

 Dali seguimos para terras mais interiores passando pelo Cercal até Alvalade do Sado pela N262, num dos parques de diversões motociclísticos do Alentejo. Andamos a ziguezaguear pelo sul do país entre Ferreira do Alentejo, Torrão, Alcacér e Montemor-o-Novo.
 Na retina e na alma ficou a N5 entre o Torrão e Alcácer e a N253 entre Alcacér e Montemor-o-Novo.
 Muitas curvas de uma beleza imensurável que tornam o passeio muito divertido e significativo. A passagem por Montemor-o-Novo fez-nos assinar uma nota de culpa por não ter visitado aquele castelo mais cedo. Soberba a vista lá de cima, ainda por cima com o sol a adormecer nas planícies vizinhas.


Árvores forradas a renda em Odivelas 


A pendura a ler frutas poéticas em Odivelas


Eu sempre disse que a pendura era uma.


Castelo de Montemor-o-Novo 


Pôr do sol a partir do Castelo de Montemor-o-Novo 

 Já de noite regressamos a casa, sempre em nacional, como tanto gostamos, mas com a ideia que o regresso teria sido mais tranquilo de auto estrada pois a noite trás outros perigos que as bermas escondem. Mesmo assim correu tudo bem. 
 Deu para perceber que o Alentejo é muito mais do que paisagens quentes e serenas e terras privadas de vida nas horas de maior calor. Há muito para explorar e para tornar mais ricas as nossas vivências.