Pois é, decidi dar asas a um sonho antigo e, se me permitem a expressão, voar pela estrada fora. Adquiri a minha primeira mota e fiz tudo aquilo que não se deve fazer quando pensamos em aventurar-nos no mundo das duas rodas.
Nunca tinha andado de mota na minha vida, não contando com a acelera que um amigo me tinha emprestado durante a adolescência. E eis que mais de 20 anos depois, o bichinho volta a acordar e com outra maturidade e certeza daquilo que se quer.
Foi assim que decido tirar a carta e comprar a moto que me levará numa viagem pelos picos da Europa.
Até aqui tudo bem, não fosse a ordem cronológica destes acontecimentos estar completamente trocada.
Comprei a moto enquanto ainda estava a tirar a carta. Ficou adormecida até ter ordem para voltar ao activo. Estudei a viagem e reservei as noites nos Picos mesmo sem ter licença legal para conduzir, mesmo sem saber como iria ser a adaptação à condução em duas rodas, mas se aguentei uma semana de bicicleta, de norte a sul do país, de mota não deve ser pior, digo eu.
Ir à aventura é isso mesmo, um logo se vê.
Entretanto, tenho feito alguns passeios superiores a uma centena de quilómetros afim de me adaptar à Vstrom com a minha pendura preferida, a Susana. Desta vez foram não uma, não duas, não três, mas mais de 5 centenas de quilómetros por terras do rio Sado e do rio Mira.
Saímos de Lisboa com um vento descomunal pela Ponte Vasco da Gama em direção ao Montijo, seguindo depois por Pegões até Alcácer do Sal afim de tomarmos a N253 até à Comporta. Mas antes não podia deixar de matar uma curiosidade antiga que era conhecer o cais palafitico da Carrasqueira. Valeu a visita pela beleza natural do estuário do Sado, partilhado pelas artes de pesca da população local que faz do rio a sua vida. Dali seguimos pela N261 até Melides, onde seguimos em direção a Vila Nova de Santo André para apanhar a novíssima A26 até Sines e divergir por São Torpes até Porto Covo por uma das mais belas estradas municipais do país. De mota, carro, bicicleta, burro ou a pé, vale muito a pena fazer aquele percurso que anda de mãos dadas com um bocadinho da costa portuguesa.
A pendura no Cais Palafitico da Carrasqueira
O Motard mancebo em Porto Covo
A Tasca do Celso
Dali seguimos para terras mais interiores passando pelo Cercal até Alvalade do Sado pela N262, num dos parques de diversões motociclísticos do Alentejo. Andamos a ziguezaguear pelo sul do país entre Ferreira do Alentejo, Torrão, Alcacér e Montemor-o-Novo.
Na retina e na alma ficou a N5 entre o Torrão e Alcácer e a N253 entre Alcacér e Montemor-o-Novo.
Muitas curvas de uma beleza imensurável que tornam o passeio muito divertido e significativo. A passagem por Montemor-o-Novo fez-nos assinar uma nota de culpa por não ter visitado aquele castelo mais cedo. Soberba a vista lá de cima, ainda por cima com o sol a adormecer nas planícies vizinhas.
Árvores forradas a renda em Odivelas
A pendura a ler frutas poéticas em Odivelas
Eu sempre disse que a pendura era uma.
Castelo de Montemor-o-Novo
Pôr do sol a partir do Castelo de Montemor-o-Novo
Já de noite regressamos a casa, sempre em nacional, como tanto gostamos, mas com a ideia que o regresso teria sido mais tranquilo de auto estrada pois a noite trás outros perigos que as bermas escondem. Mesmo assim correu tudo bem.
Deu para perceber que o Alentejo é muito mais do que paisagens quentes e serenas e terras privadas de vida nas horas de maior calor. Há muito para explorar e para tornar mais ricas as nossas vivências.
Uau Ricardo! Que coisa jeitosa o teu web site. Abracos do Jony desde Sao Tome e Principe.
ResponderEliminar