segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Chaves-N2-Faro, de Aljustrel a Faro




 Chegou a hora do último capítulo desta aventura pela maior estrada da Europa. Foi uma aventura do topo norte ao topo sul de Portugal continental. 
 Não foi um gélido avanço pelo cinzento do asfalto, como se de uma promessa se tratasse ou como se tivesse que provar alguma coisa a alguém que não a mim próprio, mas foi um enriquecimento cultural e emocional que me tornou mais conhecedor do meu país e das suas gentes. 
 Sentir a paixão pelo bem receber das pessoas do norte,  nomeadamente em Lamego na casa do Pedro e da Sofia, experimentar o à vontade das beiras, sem meias medidas, na pessoa do senhor António em Santa Comba Dão, chegar ao Alto Alentejo e ser recebido com um calor humano tão idêntico ao calor característico daquela região, descer ao baixo Alentejo e experimentar a tranquilidade das planícies alentejanas com um pôr-do-sol único, como jamais tinha testemunhado. 


 E como se tudo isso não fosse um cabaz suficientemente cheio de emoções para manter o meu coração durante muito tempo, ainda veio a experiência por terras algarvias.
 Saímos do Monte dos Poços por volta das oito e meia da manhã já de pequeno (grande) almoço tomado. O sumo natural de melancia acordou-me melhor que um café. Começámos bem cedo a perceber que este iria ser um dia muito quente. Daí, que rapidamente nos desfizemos das roupas térmicas que nos aconchegavam durante as manhãs frias de outras paragens. 
 O sol subia rapidamente bem como o mercúrio dos termómetros e com ele subiam também as dificuldades de mais um dia a pedalar. Talvez fosse o resultado de seis dias a pedalar, talvez fosse a paga do esforço descomunal do dia anterior, a verdade é que não estava a mostrar-se fácil esta etapa. E pior ficou quando chegamos a Almodôvar. É que com esta vila Alentejana veio também a Serra do Caldeirão. Paramos aqui para um reabastecimento de calorias e líquidos. Alguns quilómetros à frente lá estava ela, a identificação que comprovava a nossa entrada no Algarve e por conseguinte, na Serra do Caldeirão.


 Ao contrário de outros terrenos acidentados, o Caldeirão não sobe de um lado e desce do outro como se fosse a pique. O caldeirão agrupasse num núcleo de pequenas serras que tornam a descida quase tão difícil como a subida. É um sem fim de subidas e descidas que culminam em São Brás de Alportel. 
 Ali paramos a meu pedido para reabastecimento e para aliviar a planta dos meus pés que já não tinham posição para pedalar. 
 Abastecidos ao gosto de uma pizza Havaiana lá seguimos para os 10 quilómetros da consagração que separavam São Brás de Alportel de Faro.


 O último quilómetro foi feito muito devagar para desfrutarmos de tudo o que fizemos, lembrar-nos tudo o que passamos. Sinceramente, até arrepiou. 


 Depois da festa da praxe junto ao marco 738 e das respectivas fotos, eis que seguimos em direção ao terminal rodoviário para regressarmos a Lisboa.
 À chegada lá, juntámo-nos ao grupo de BTT de Loulé que ao ver as nossas Jerseys alusivas à viagem pela N2, aplaudiu o nosso esforço. 


 Foi um momento muito agradável, principalmente quando penso por tudo o que passámos.
 Mais um risco na minha Bucket List.
 Não posso terminar esta narrativa da nossa aventura sem incluir um agradecimento ao Paulo Alves e à Marta Teles pela companhia e por me aturarem ao longo destes dias. Foi bom contar convosco durante os momentos mais difíceis da viagem. Isso tornou possível ser uma aventura super divertida. Rimo-nos juntos, afligimos-nos juntos, surpreendemo-nos juntos. Não podia ter sido melhor.
 Também ao João Batista, que apesar de não ter podido realizar este percurso, criou em mim o bichinho de concretizar este sonho 


 Obrigado à Susana, a outra metade de mim, por apoiar este meu sonho e aguardar pacientemente o meu regresso. Sem estas pessoas nada disto seria possível.
 Não deixes de lutar por tornar possível a realização dos teus sonhos. Vive-os com todo o teu empenho até porque viver é a melhor vida que há. 

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