quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Um dia de trabalho como outro qualquer

Vamos criar valor! - graceja um colega antes de passar as portas automáticas que dão acesso ao hall de produção. 
Como em todos os trabalhos há sempre alguém que chega mais tarde sem dar cavaco a ninguém e se reagrupa como se fosse um pardal que por breves momentos fugiu ao bando.
 Nesta visita guiada vou apresentar-vos as personagens que fazem deste lugar um trabalho como outro qualquer.
Este é o Luis, o desportista cá do sítio. Se exercitasse tanto a cabeça como exercita o corpo era uma pessoa impecável.
Ali está o Miguel. É o oposto do Luís. Desporto só se for do sofá para a cozinha e vice-versa. É um gajo fixe, às vezes estica-se um bocado nas conversas mas quem é que de nós não se estica?
Junto com eles, trabalha o Tó, o sujeito das piadas de cariz sexual, afinal em todos os trabalhos tem de haver um. 
O mais assertivo deste primeiro grupo é o Antunes. Um gajo porreiro, que leva a vida na dele, dá as suas piadas, mas não entra em excessos e não alimenta a polémica. A trabalhar tem um défice de oxigénio, mas isso só prova que gosta de cumprir com a sua obrigação.
 Mais ao fundo da nave temos o Rodrigo. Excedesse tanto nos pormenores das suas histórias que fomos todos obrigados a aprender a nadar para evitar uma morte trágica por afogamento no local de trabalho.
 O José já só pensa na reforma. Também não é para menos. Quando a idade já pede descanso, ele vê-se obrigado a provar todos os dias a razão do seu salário.
 Sozinho no fim do mundo temos o Vasco. Não se mete com ninguém mas todos se metem com ele. Leva a vida tão na descontra que às vezes até se esquece do que tem de fazer.
A montante temos o Silva, o frasco de veneno cá do sítio. Consegue por palavras controlar as mentes mais incautas (para não dizer mais fracas). E ele sabe bem escolher as suas presas, tanto que não dispara em todas as direcções. Junto com o Luís e mais um ou dois formam um conclave papal.
A jusante temos o Ferreira, um cota que faz mais barulho do que a sirene dos bombeiros. Gosta de partir a louça toda mas na verdade é meigo como um cordeirinho. O seu colega é o Pereira, o dom Juan da parada, que suscita muitas invejas entre os prevaricadores mais antigos e os que gostavam de prevaricar mas não tem tão rara habilidade.
 À margem deste pessoal está a varanda da conspiração. É ali que se fala bem de tudo e mal de todos. Os seus naturais são o Manuel, um sujeito de quase 60 anos que tenta manter um corpo de 40, que lhe fica bem por sinal, mas que tem a moleirinha feita em baba de camelo, resultante da vizinhança. Co-habita com a Josélia, uma cinquentona com aspecto de 40 anos, que só ela vê. Perspicácia é deficitária naquele reino, dai ser um local privilegiado para o Silva atacar, mas pode ser que o tempo mude isso.
 Quanto a mim, essa caracterização deixo para vocês no espaço para comentários.
 Mas lembrem-se que este blog ia retratar o viver com todas as suas experiências, realizações, erros e emoções.
 Se me julgarem demasiado crítico, perdoem-me. Mas faz parte do viver.
 Bom trabalho a todos!
Nota: este post é meramente humorístico não visando pessoas ou entidades.


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