quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Agosto 2017, what else?



Não. Não foi pura coincidência. O tema deste post foi mesmo uma cópia barata de um anúncio a uma marca de café bem conhecida, que por acaso é a que uso em casa. (Espero não ser acusado de plágio).
 Mas o clima que temos sentido ao longo deste verão leva-me a desejar o Agosto com mais ansiedade do que é normal. O vento é uma constante que faz parecer que o raio de um anti-ciclone veio fazer férias aos Açores e deixou um rasto que se sente desde o início do verão. Claro que para o turista que visita a capital, esta brisa até é agradável para passear pelas ruas cheias de história. Mas para o típico veraneante da Costa da Caparica e arredores, Deus me livre, esgota a paciência ao mais calminho dos frequentadores da costa portuguesa. Foi um verdadeiro golpe de rins, uma entrada a pés juntos esta partida com que o verão decidiu presentear-nos.
 Claro que estou a generalizar e a pintar o país todo com a mesma tinta. Mas também sei que tuga que é tuga, passa sempre umas férias bem escaldantes com um clima havaiano, nem que na realidade esteja a ir tudo pelos ares, do chinelo ao chapéu de sol e a ser cobaia de uma esfoliação à base de areia da praia. 
 Também não deixa de ser verdade que férias são sempre férias e que por isso, quer chova quer faça sol, sabe sempre bem oxigenar a massa cefálica com ares de outras terras. 
 Mas é injusto dizer que foi sempre assim. Dias houve em que se conseguiu passar uns momentos agradáveis que permitiram tirar fotos como o por do sol no início deste post. Que o mês de Agosto seja mais rico em momentos assim.
 Na ordinarice disfarçada, presente em algumas músicas, que fazem as delícias dos estudantes na queima das fitas e dos imigrantes no verão, encontramos comumente a letra que nos diz de forma insinuosa que o melhor dia para casar é o 31 de Julho porque depois entra "Agosto".
 Duvido que assim seja, mas espero que seja o melhor período para ir de férias, que o raio do anti-ciclone esteja a acabar as suas e vá trabalhar para outro lado. 
Estou quase a começar as minhas e convido o vento e o frio a irem gozar as deles na outra metade do planeta. Boas férias!!

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Anos 80 - Viagem ao passado



Hoje foi dia de brincar ao passado, ainda por cima da melhor maneira que há, com a Didi. Foi bem cedo, pela manhã, que surgiu a ideia de pôr o Velho gira-discos a funcionar. Ela tem um gosto especial pelo som gasto e seco, debitado pela pequena agulha que toca com subtileza no vinil que dança em movimentos contínuos, como se dum carrocel se tratasse. Aliás, ela tem um interesse incomum pelos objectos, música e outras modas que fazem dos anos 80 uma época imortal na nossa mente e no nosso coração.
 A vontade era tão grande quanto o desafio que se apresentava - onde arranjar a dita agulha que faria com que todo o carrocel funcionasse de forma tão coordenada. Começamos por fazer uma pesquisar bem ao estilo do século XXI, como não poderia deixar de ser, na internet. As lojas eram muitas, mas agora saber onde encontrar uma agulha tão velha como o tempo, nas modernicimas lojas de som e imagem, era o mais complicado. 
 Após alguns contactos à maneira antiga, cara a cara, soubemos da existência da AV4HOME, uma loja de som e imagem na rua das Portas de Santo Antão, em Lisboa, junto ao coliseu. Escondida no meio de uma dúzia de restaurantes turísticos que pautam a vida daquela rua, encontrámos as escadas que nos levavam ao balcão apetrechado por todos os aparelhos electrónicos e os respectivos acessórios que os fazem funcionar. 
 Tirei do bolso dos calções mostarda a pequena cabeça isenta de agulha e perguntei se tinham o que era necessário para que aquele aparelho não fosse apenas uma peça obsoleta, util apenas para decoração ou mais um item de um centro de reciclagem de material electrónico.
 Fiquei espantado quando, sem qualquer apreensão, o funcionário (ou dono) da loja, abriu uma gaveta e tirou de lá a respectiva agulha. Agiu como se vender aquela peça fosse o negócio mais comum daquela loja. Até poderá ser, mas o meu desconhecimento acerca daquele assunto fez-me parecer que tinha aberto a caixa de pandora dos gira-discos. 
 Saídos dali não demorou dois minutos até a Didi anunciar uma fome de tombar de fraqueza. A intenção era claramente cravar o almoço num dos restaurantes da redondeza, mas eu tinha outros planos.
 Matamos o bicho na Fábrica da Nata, nos Restauradores. Do aspecto fabril da sala de atendimento, que mais parece uma colmeia onde os colaboradores sabem exactamente qual a sua função, numa simpatia que convida a voltar, até às salas de degustação, com seu estilo de uma mistura entre o tradicional, derivado dos azulejos tipicam portugueses, e o burlesco, resultado dos lustre suspensos no tecto a dar ideia de uma casa do século XVII, deliciamo-nos com tão típica iguaria. 
 O Pastel de nata ali é rei e o vinho do Porto conselheiro principal. Talvez devido ao meu conservadorismo, fiquei-me pelo café a acompanhar a nata, afinal ainda era de manhã, mas a vontade do Porto, essa ficou marcada pela saliva que me nascia na boca. Não volta a acontecer. O desejo é a maior vítima de homicídio da história e neste caso há que manter a tradição.
  Já mais reconfortados decidi fazer outra surpresa à Didi. Continuar a viagem pelos anos 80 e oferecer-lhe o vinil que ela tanto desejava. A artista não era da década de 80 mas era o que ela queria. Lana del Rey era o objectivo e conseguimos o único disco disponível a loja. Que sorte! Mas acho que esta esteve do meu lado para ver a satisfação de um pai por ver a sua filhota feliz. São momentos destes que me fazem crer que não há melhor vida do que viver, ainda mais junto dos que nos são importantes. 
Para ti Didi, porque tudo.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

40 anos - uma vida que vai outra que vem.


Eles chegaram, sem pompa nem circunstância.
 Foi só mais um dia, como outro dia qualquer, que trouxe a transição que nos avisa que estamos algures no meio da vida que conhecemos.
 Foi a chegada dos 40 mais pacífica de que há memória, sem festa nem glamour, sem loucuras que assinalem a conclusão de metade do percurso.
 A entrada oficial nos entas veio finalmente e com ela a sensação de que esta metade passou a voar. Mas, sem nostalgias, porque o que lá vai lá vai e o que interessa é que tenha sido bem vivido, a verdade é que há uma vida pela frente que merece o melhor de nós a cada dia que passa, não como se fosse o último, mas com a certeza de que o fiz da melhor maneira possível. 
 Sei que não fiz tudo bem e que daqui para a frente também não o vou fazer. Se assim fosse seria encarcerado num laboratório qualquer para servir de estudo aos cientistas sedentos de novos fenómenos. Mas como assim não é, vou continuar a errar como o mais comum dos mortais, mas a viver a vida como quem mais o quer fazer.
 Eu amo viver, com todos os sabores e disabores que ela trás. Sim, porque viver não é só coisas boas, viver não é só primavera ou verão, viver não é só campos em flor nem linho do oriente.
  Mas viver é tudo com o que somos contemplados e amargos de boca também. Viver é também outono e inverno, é espinhos e cardos e Lycra da feira de Sacavém.
 Mas o segredo está no equilíbrio entre a satisfação e a desilusão, entre o bem e o mal, entre o dia e a noite.
 Ao fim de 4 décadas chego à conclusão que este equilíbrio tem existido.
E é por isso que chego a esta fase com a certeza de que também ela tem direito ao seu momento e ao seu tão bem que sabe.
 As experiências vividas trazem maturidade e um estar na vida com outra maneira de ver, sentir e digerir o que nos apresentam. Sinto mais vontade de viver que nunca, os 40 anos trazem vontade de mostrar do que sou capaz. Mas antes de provar o que quer que seja a quem quer que seja, tenho de provar a mim mesmo do que sou capaz. 
 Chego à conclusão que os entas não assinalam o fim de nada mas sim o início de uma era.
 Com vinte, quarenta ou oitenta apreendam a viver cada fase da vida, não antecipem nem adiem nada. Vivam cada momento no seu devido momento mas vivam com todo o vosso ser.
Vivam, porque viver é a melhor vida que há.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Familia incompleta - A pior das notícias

 Há já algum tempo que não me vêem por aqui.
 Simplesmente ando muito ocupado e a ocupação tira-me inspiração. 
Sim, porque mudar dá trabalho. Envolve decisões, aproveitar a oportunidade, tomar acção. E nem sempre a decisão é aquela que se nos apresenta. Temos de fazer escolhas, mudar para melhorar.
 Mas a razão, que acima de qualquer outra,  traz-me de volta à escrita, prende-se com o desaparecimento de uma pessoa (neste caso quatro almas) que tanto nos diz por tantos anos das nossas curtas vidas.
 É difícil encontrar palavras quando falamos de alguém com quem partilhamos parte da juventude e o resto da vida até hoje.
Falo do meu colega Sérgio Machado e da sua família que perderam a vida de forma tão trágica (se é que perder a vida com trinta e poucos anos, na companhia da esposa e dois filhos não seja já suficientemente trágico) no fatídico incêndio de Pedrogão Grande.
A parcela de vida que partilhamos fez-nos trabalhar juntos, rir juntos e crescer juntos. Conhecemo-nos ainda jovens na fábrica da Lever em Sacavém. Ali crescemos juntos, ali tornamo-nos homens, casámos com as nossas esposas e constituímos família. Ali nos tornamos pais e vimos os nossos filhos dar os primeiros passos. 
 Ali falamos de coisas pessoais e ganhámos confiança tal para tocar em todos os assuntos com frontalidade familiar. Sim, porque era isso que éramos, uma família. Aliás, faço questão de corrigir, é isso QUE SOMOS, uma família! Debilitados pela perda de um membro, neste caso 4, porque quando um de nós perde um ente-querido, é como se todos nós perdêssemos um ente-querido. Mas continuamos a ser uma família. Fomos separados fisicamente, por força das circunstâncias, mas continuamos a rir-nos juntos, chorar juntos, divertir-nos juntos e sofrer juntos.
 O Sérgio foi infelizmente o primeiro elemento desta geração que vimos desaparecer. Mas só aconteceu em corpo presente.
 Em tudo o resto ele está bem vivo. Vivo na nossa mente e no nosso coração pelos momentos bem passados. 
Fica a imagem de um colega e acima de tudo um amigo exemplar. Falava da família com um orgulho inspirador. 
Custa aceitar, quando olhamos para a felicidade que os unia e mais difícil é de certeza para aqueles que com eles tinham laços de sangue.
Para esses, aceitem as condolências da outra família do Sérgio. Partilhamos a vossa dor, mas conscientes que de uma forma diferente, pois aquilo que devem sentir agora é indiscritível.
 São quatro peças insubstituíveis no puzzle da vida mas mesmo com quatro peças a menos temos de continuar o caminho que nos apresentam. 
Lutem! Pelos que foram, pelos que ficam.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A beleza por detrás de uma ruga

 Quando uma ruga nasce conta uma história.
Rostos franzidos pelas emoções sentidas.
O primeiro dia de escola - uma ruga no canto do olho direito, 
O primeiro amor -  uma ruga no canto do olho esquerdo, 
O casamento -  mais uma ruga se junta às outras. 
Quando uma ruga nasce conta uma história.
O nascimento de um filho, uma ruga na testa, cada filho que nasce cada ruga que se junta às já existentes. São linhas e linhas, marcadas na pele, que traçam o diagrama das nossas vidas, uma árvore genealógica das nossas vivências.
Quando uma ruga nasce conta uma história.
No nosso rosto também ficam cravados momentos marcadamente tristes, proporcionadores de uma dor agonizante. Mas caramba! Não fazem esses parte daquilo que somos? Uma decepção, uma doença, a morte de uma pessoa querida. Tudo vivências, boas ou más, madrinhas ou madrastas, que nos marcam e que acrescentam um valor empírico ao nosso ser.
Quando uma ruga nasce conta uma história.
Rugas aparecem a quem sente e quem não sente não é filho de boa gente.
Disfarçar essas marcas com uma técnica de make up pode ser útil como forma de evidênciar a beleza, a auto-estima. Mas querer eliminar as rugas é querer eliminar a nossa história. É querer eliminar o projecto pelo qual construímos a nossa vida.
 As rugas são parte integrante de cada um dos seus portadores, faz parte da nossa identidade. Acabar com elas é acabar com parte de nós, acabar com elas é negar a nossa personalidade.
Tenho saudades das rugas da dona Augusta, apareciam quando sorria, apareciam quando chorava, traziam com elas todo o esplendor daquela mulher modelo.
Gosto das rugas do Ti Manel e dos seu olhos rasgados pelo brilho do sol.
Outras tantas há que gosto, que me fascinam, inclusive as minhas. Não me preocupa as rugas que tenho, preocupa-me as que ainda quero ter. Mais rugas significa mais vivências e há tanto a viver.
Chego à conclusão que as rugas não se combatem, as rugas alimentam-se. Alimentam-se com experiências, alimentam-se com erros, alimentam-se com feitos, com alegrias e tristezas.
 Não alimentar as rugas é não alimentar a vida
Quando uma ruga nasce conta uma história.
Quando deixam de nascer morremos.
 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Alenquer - onde a magia acontece

 Existem aldeias, vilas ou cidades que marcam as nossas vidas.
 Lembramo-nos com nostalgia do lugar onde nascemos, do sítio onde fomos criados. Até das férias  repetidas que fazíamos na terra de origem dos nossos pais.
Há lugares que ficam na nossa retina mais que outros, normalmente porque a eles associamos boas vivências.
Um desses lugares é a Vila onde actualmente passo boa parte da minha vida - Alenquer.
Mais do que um lugar para pernoitar, Alenquer faz tudo parecer diferente. Vindos dos subúrbios de Lisboa, parece que entramos noutra dimensão. Somos transportados para um mundo de faz de conta que torna especiais pequenos gestos como um simples café num dos espaços dedicados da vila.
 Um dos meus preferidos é o salão de chá AnaMila, um espaço onde a magia acontece. Pronto, estou a ser exagerado, até porque não trabalha lá nenhum discípulo do Houdini ou do Luís de Matos, nem se assiste a malabarismos como se de uma arte circense se tratasse.
 Os pormenores é que fazem a diferença.
  O cheiro a madeira crua que personaliza o ambiente, misturado com o aroma que o café emana, tornam aquele espaço acolhedor e apetecível, ali encontras uma diversidade de livros dispostos em caixas de madeira, que podes ler sentado numa das mesas de pinho não tratado. Na parede cinza e aveludada há umas pequenas formas, que por serem torneadas por uma moldura branca, faz do conjunto uma obra de  arte que decora o espaço. Somos recebidos com uma simpatia equilibrada, sem excessos ou qualquer tipo de bajulação, pela proprietária, uma simpática mulher que se esconde estratégicamente atrás de um balcão de madeira forrado com um lambril branco e que conjuga, numa simbiose quase perfeita, com uma montra frigorífica onde se expõem as iguarias que tentam os clientes mais calóricos. Com o frio que se sente lá fora, este é um espaço de eleição para partilhar um livro, uma conversa a dois ou simplesmente para apreciar a música ambiente ao sabor de um chá, de um doce ou apenas de um café.
 
Mas Alenquer não é só AnaMila.
 Nas noites quentes de verão existem esplanadas onde se pode partilhar um gelado ao som da água corrente do rio que atravessa a Vila.
Alenquer é também o largo da Câmara municipal que abraça tudo o resto com uma vista deslumbrante, alenquer é cultura, Alenquer é gastronomia, é vinha e bom vinho, é a arte de bem receber.
Porque viver é a melhor vida que há, não deixes de vir. Vive esta experiência!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Uma aventura num domingo qualquer

O sol invade o quarto pelos frisos dos postigos de madeira que cobrem as janelas. Abro os olhos e deparo-me com aquele tom alaranjado nas paredes. 
Já era tarde, pelo menos mais tarde do que é habitual. São nove e meia da manhã, não costumo estar na cama até estas horas. Mas por vezes sabe tão bem! Não me levanto logo, é domingo caramba! A Didi ainda está a dormir, hoje tem com ela uma colega, passaram o fim de semana juntas. O tempo convida a sair de casa. Desafio as miúdas e lá vamos nós, mas com calma. Se já é preciso paciência para esperar por uma adolescente imaginem duas.
Finalmente saímos à rua, o relógio aponta as 11:30. Até à primeira paragem é um saltinho - Rio Maior e a sua Pastelaria Bellarius - desculpem a redundância mas os mil folhas são qualquer coisa de extraordinário.
Baterias recarregadas e fomos até às Salinas de Rio Maior, um fenómeno natural que permite que água, sete vezes mais salobra que o mar, venha à superfície.
 
Como não podia deixar de ser, o souvenir foi sal. Compramos um pacote de sal seco e outro com especiarias, que nos garantiram não querer outra coisa quando o experimentássemos no queijo fresco.
 O cheiro a assado debitado pelas chaminés dos restaurantes convidava ao almoço, mas com muita pena nossa tínhamos acabado de comer.   Foi com água na boca que arrancámos em direcção a Porto de Mós, e ao seu castelo que vigia a cidade bem lá do alto. Parámos para umas fotos e rapidamente seguimos viagem em direcção a Pia de Urso, uma aldeia de pedra que foi cuidadosamente recuperada e que trás um outro encanto ao Parque Natural das Serrasde Aires e Candeeiros. 
 
 Ali tive a minha primeira experiência de geocaching, uma autêntica caça ao tesouro de objectos que são meticulosamente guardados em locais estratégicos.
Descobri esta actividade por meio da colega da Didi, que já faz isto com o pai faz algum tempo. Consiste em seguir as coordenadas de geo pontos que encontramos em algumas aplicações de gps próprias desta actividade.
 
 Esta aventura teve outro sabor quando o senhor Daniel. O responsável do gabinete de informações do centro de btt da Pia do Urso decidiu acompanhar-nos e fazer um roteiro por alguns geo pontos e pelo percurso sensorial da aldeia. Uma pessoa magnífica o senhor Daniel. Tornou aquela manhã mágica ao levar-nos a um destes tesouros escondido no interior de uma gruta que se encontra camuflada pela vegetação circundante.
Senti-me um autêntico Indiana Jones em busca de caixas de plástico com blocos de notas no interior.
Acabada a aventura sentia uma sensação de fartura emocional. Mas esta não enche barriga e estava na hora de procurar um lugar onde comer.
 Também nisto a Pia do Urso merece a visita.Com os ponteiros do relógio a tocar as quatro da tarde um restaurante não seria a melhor opção. Encontramos bem instalado no meio da aldeia a Petiscaria Palheiro do Requêto. Num ambiente agradável e descontraído, aquecido por uma lareira que casava bem com a sala, comemos um prego com uma carne tão macia que se cortava sem esforço. Bom comer, bom beber, boa gente. Quando assim é a arte da degustação ganha outra vida.
 
Bom passeio, bom roteiro, bom domingo.
Porque viver é a melhor vida que há,  não deixem de se aventurar portas fora. Sejam aventureiros, sejam exploradores, sejam felizes.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Lembras-te?

 
 Lembras-te? 
 Daquele lugar onde brincaste em criança? Daquele baloiço, que apesar de já não existir, ainda está, na tua memória, bem presente, já com a ferrugem a descolar a tinta do ferro, onde voaste de um lado para o outro, vezes sem conta.
 Lembras-te? 
De ir a casa roubar uma faca da cozinha ou uma chave de fendas da ferramenta do teu pai, para criares a melhor arma de jogar ao espeta, num círculo geometricamente desenhado na terra? 
Lembras-te de chegar a casa com as mãos sujas de pó por andares a abrir covas às quais apontavas os berlindes depois?
Lembras-te?
Quando, numa correria desenfreada, a brincar às escondidas, caíste e esfolaste os joelhos?
Lembras-te da fotografia de grupo que tiraste na primeira classe e na segunda e terceira e quarta? Lembras-te?
De brincar com os miúdos lá da rua noite adentro, só ias para casa porque alguém te chamava.
Lembras-te?
Da miúda mais gira lá da rua, por quem todos os rapazes se enamoraram, dos quais tu não és exceção. De como brincava às casinhas, de como fingia cozinhar, até fazia colorau com pedaços de tijolo raspados um no outro e como isso te fascinava!
Lembras-te?
Das brincadeiras com o teu irmão mais novo, e como juntos faziam a vida negra à irmã mais velha. De como brincávamos com os carrinhos da Majora na carpete da sala enquanto o Ti Manel, patriarca da família, repousava na poltrona, de olhos fechados, fingindo que estava a ver televisão.
Lembras-te?
Eu lembro-me. Bons tempo esses. Aqueles em que a Avó Tina, vinha à nossa procura a palmilhar terreno, as malditas cataratas já não a deixavam ver como antigamente, e quando nos encontrava, não via mais do que um vulto, que a obrigava a dizer o nome de todos os netos até acertar. Às vezes parecia que sabia quem era, era tiro certeiro, pura coincidência.
Lembro-me daquelas férias em Loulé, numa quinta, pertence dos patrões da minha irmã Paula, tão bom que foi andar a cavalo, aprender a conduzir uma Casal Boss e dar uns mergulhos na piscina às 3 da manhã com os filhos dos donos.
 Algumas dessas memórias estão guardadas em papel fotográfico, 10x15, nos álbuns lá de casa. Outras, porque a preguiça de tirar fotos era mais que muita, guardo na retina.
 Hoje é bem mais fácil guardar recordações, ter uma máquina fotográfica acoplada ao telemóvel facilita muito.
Mas, em nome das boas memórias, continuo a não fotografar tudo. Gosto de guardar muitas coisas que uma fotografia não guarda.
Não guarda, mas ajuda a lembrar, em nome das boas memórias. Lembras-te?

domingo, 22 de janeiro de 2017

Portugal - um mundo à parte

 Quando metade da Europa está debaixo de neve, em Portugal o sol continua a brilhar. As pessoas saem à rua com vitamina D para dar e vender, o senhor das castanhas tem de usar um chapéu na cabeça porque este sol baixinho sabe bem mas faz mal, dizem os antigos ( nunca percebi se é mesmo assim).
Mas o melhor ainda é podermos ter a presença desta estrela que nos aquece desde que acorda até que se deita, deixando-nos depois na companhia de uma lua, que ao ser por vezes super, torna as noites especiais.
 Os ordenados são baixos, o sistema de saúde não é o melhor, mas este clima, a gastronomia e as gentes que por aqui co-habitam, tornam este país único no que à diversidade cultural, natural e gastronómica diz respeito.
Percorrer a Costa Vicentina com vistas de cortar a respiração, explorar as praias mais recônditas do Algarve, escondidas entre escarpas de rocha arenosa, ou até mesmo escondidas dentro de grutas onde o sol vem espreitar, como é o caso de Benagil. 
 

Percorrer as aldeias de xisto, com o cheiro do cabrito assado a misturar-se com o da lenha de sobro na lareira, conhecer cidades carregadas de bairrismo como nisso são exemplos o Porto, Lisboa, Coimbra e outras mais.
 Dar um mergulho na gélida cascata do Leonte, no Gerês, ou saltar da prancha improvisada da praia fluvial de Ponte da Barca.
 Dar um salto às ilhas e fazer uma caminhada pelas levadas da Madeira seguida de um banho reconfortante antes de jantar uma espetada madeirense ou um espada com banana, ou bife de atum. Há muito por onde escolher. Beber uma poncha em Câmara de Lobos, comer uma sandes de bolo do caco com carne em vinha d'alhos no mercado do Funchal, só no que à gastronomia diz respeito, a Madeira é um mundo. 
 As saliências montanhosas obrigaram a um perfuramento constante das suas entranhas, afim de facilitar as deslocações, mas fazer os trajectos pelas estradas antigas, sem pressas, admirar a vegetação e sentir a nossa "pequenês" quando vamos do nível do mar até mais de mil metros de altura em   poucos minutos, conhecer as gentes e o seu dia a dia, visitar os seus jardins e parques sempre floridos, misturando um mundo de cores às vezes de forma ordeira outras nem tanto mas que pinta de cor esta tela plantada no meio do mar, faz desta ilha um lugar a visitar enquanto pudermos viver.
  Nos Açores, a natureza recebe-nos de braços abertos e convida-nos a encher o nosso ser de memórias e sensações que nos marcam para sempre.  
Sem duvida, aquele era um lugar onde eu era capaz de viver. Pela natureza, pelas gentes tão hospitaleiras, tão genuínas, pelo mar sempre presente, pelos trilhos e caminhos que se podem e devem percorrer vezes sem conta sem nunca fartar, pelas águas quentes, pelo queijo, o ananás, o peixe e restante gastronomia, pelos 9 pedaços de paraíso que adornam o Atlântico e por tudo o que agora não me recordo. É bom ir, mas é obrigatório voltar.
 Por tudo isto e muito mais, Portugal, o país mais ocidental da Europa, é um mundo à parte.
 Sejam bem vindos!


 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A arte de saber perder

 Foi no verão de 2016 que decidi ler o livro Prometo perder, do Pedro Chagas Freitas. Neste percebe-se que a vida é feita de aventuras e desventuras, sejam elas na forma que escolhemos viver, na forma que procuramos a felicidade ou na forma que escolhemos amar. Ali, o autor também nos diz que o amor resiste a tudo menos à falta de tentativa.
A verdade que fica bem vincada neste livro é que o problema não é perder, o problema é não tentar.
 Esta, infelizmente, é uma verdade que vemos testemunhada quer por outros, quer por nós mesmos.
 Ficar entregue à mediocridade do assim está bom e não tentar outro caminho, escolher sempre o mesmo, o confortável, o sem curvas sinuosas, escolher sempre a estrada asfaltada e nunca o caminho de terra batida. Nunca sair da zona de conforto para ser feliz com risco. Ser feliz com risco é outro nível. A taxa de sucesso é mais reduzida do que o sinismo do assim está bem. Nunca está bem. Estar bem é desistir de procurar ser feliz, é desistir de tentar. 
 Amar com risco é outro nível. Estar bem assim é desistir de procurar amar. 
Viver com risco é outro nível. Estar bem assim é desistir de viver. Desistir de tentar o intenso. 
Que ideia mais absurda é esta de desistir de tentar?  Que ideia é esta de, em nome do confortável, tirar o arriscar do dicionário da vida?
 Sempre fui um sonhador. Sempre fui muito hábil em sair da zona de conforto. Quando a vida se torna demasiado confortável, dou-lhe um safanão e já está, tudo a girar outra vez. Nem sempre corre bem. Nem sempre o caminho sinuoso é o melhor caminho. Aliás, são muitas as vezes que entro em caminhos assim e tenho de voltar atrás. Erro, faço más escolhas. Mas, caramba, pelo menos escolho, pelo menos tento. Tentar é viver, não tentar é estar na vida, é andar para aí.
 Porque hei-de morar a vida toda na mesma casa? Porque hei-de trabalhar a vida toda no mesmo emprego? Porque fazer férias a vida toda no mesmo lugar? Porque sim. Ou porque não. Isto só por si não é um problema, isto só por si não torna a vida enfadonha. O problema é quando tomamos decisões assim por falta de objectividade, só porque dá trabalho mudar, porque o assim está bem é tão bom. Nenhum amor dura com o conforto do assim está bem. Amar para sempre significa lutar para sempre, esfalfar-nos todos por esse amor. 
 O amor não cai com a chuva, nem a felicidade. Vai à luta. Se perderes a batalha, perdes com a certeza de que percorreste as estradas mais inóspitas, porque sabes que é nos lugares mais recônditos da vida que encontras aquilo pelo que vale a pena viver.
 

domingo, 8 de janeiro de 2017

O polícia e a família

 
O espelho não engana. É por isso que teima em buscar o seu julgamento dia após dia, antes de sair de casa. O que vê? Alguém orgulhoso do percurso traçado e da farda que veste. 
 Não sou polícia nem sou casado com uma ( por muito que a mente, por vezes, possa criar ideias promíscuas com algemas e fardas). Daí que este texto é um puro devaneio pessoal sobre o homem ou mulher por detrás da autoridade.
Não estou aqui para falar da forma de agir das autoridades competentes nem para falar do policia enquanto agente da autoridade, o objectivo não é criar polémica nem discussão em torno deste assunto. Estou aqui para falar do homem ou mulher que, enquanto pessoa, tem família. É filho ou filha, marido ou esposa, pai ou mãe.
 Do homem ou mulher que tem de sair da sua terra natal, deixa para trás os seus e aluga uma casa com poucas condições, até que a situação o permita juntar o agregado, só para exercer uma profissão que alguém teima em dizer que não é de risco. De vez em quando, porque as saudades apertam, lá vai passar um fim de semana ao lugar onde nasceu.
 Do homem ou mulher, que diariamente sabe como sai de casa mas não sabe como entra. Daquele ou daquela, que se tem um pequeno atraso e está incontactável deixa a família em alvoroço. Vê os filhos nascer mas não sabe se os vai ver crescer. Só que, para não entrar em loucura, tenta, vez por outra, esquecer estes tormentos. Não quer condicionar o futuro com esses pensamentos.
 Do homem ou mulher que não tem feriados nem dias santos mas está pronto para exercer a sua profissão sempre que a escala o designa. Isso impede-o de estar com a família em alturas que lhes são tão importantes. Do homem ou mulher que vê outro homem ou outra mulher abandonar a vida, bem à sua frente, sem nada poder fazer, tendo essa imagem presente na memória para o resto das suas vidas. Daqueles que são chamados para ocorrências em zonas ditas perigosas e a adrenalina toma de tal forma conta de si, que vão, literalmente, com o coração aos saltos.
 Estou a falar do homem ou mulher que, apesar de todas estas contrariedades, conseguem amar e debitar felicidade por meio de um sorriso rasgado, porque a vida não é só trabalho. Quando vê os seus filhos nascer, quando os vê entrar para a escola ou quando os vê constituir a sua própria família, a sensação de realização pessoal toma conta destes seres que um dia decidiram enredar por uma das profissões que melhor conjuga a ingratidão com o gratificante na mesma frase.
 Lanço aqui um desafio a todos os leitores deste devaneio textualizado, que da próxima vez que se cruzarem com um qualquer agente da autoridade, seja ele Polícia ou GNR, cumprimentem-no, agradeçam-lhe e se possível dêm-lhe um abraço. (Haverá alguns mais introvertidos que não gostarão de abordagem tão íntima).
 A estes homens e mulheres, envio o meu muito obrigado, com o voto de que sejam felizes e vivam, porque viver é a melhor vida que há.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Princesa- o estatuto que nem todas têm!

 Passava o Ano de 1937 quando nasce a primeira princesa do mundo fantástico da Disney. Esta tinha recebido este estatuto por ordem hereditária, pois os seus pais eram reis de um reino distante. 
 Esta história foi incubada pelos Irmãos Grimm entre 1812 e 1822, num livro publicado com outras fábulas.
 Após a morte da mãe de Branca de Neve, o seu pai volta a casar, desta vez com uma mulher arrogante e vaidosa, possuidora de um espelho mágico que só dizia verdades. A rainha consultava regularmente o seu espelho para saber quem era a mulher mais bonita de todas, ao que o mesmo respondia sempre que era ela.
 Até ao dia em que a Branca de Neve faz 17 anos e o espelho, porque dizia sempre a verdade, responde que a rainha era bela, mas a Jovem princesa era ainda mais.
Como se a resposta do espelho não bastasse, havia um príncipe que mostrou um interesse platónico na jovem princesa. Possuída por uma inveja que a consumia, quer pela beleza da jovem quer pelo interesse do príncipe, a rainha engendra um plano para matar a Branca de Neve. Contrata um caçador para fazer o trabalho sujo, mas este na hora H não consegue disferir o golpe fatal. A princesa foge para a floresta e encontra refúgio no abrigo de sete anões, que lhe oferecem guarida com a condição de que mantivesse a casa limpa. Mas ao fim de algum tempo, o espelho informa a rainha que a Branca de Neve ainda está viva e continua a mais bonita. Disfarçada de Velhota,  descobre o esconderijo da jovem e resolve matá-la, não conseguindo porque o amor do príncipe salvou-a de um desfecho trágico.
 Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência, mas ele há coincidências do caraças. 
Há mulheres que adquirem esse estatuto, não pela sua beleza ou interesse, mas por ordem hereditária ou serem casadas com um príncipe herdeiro. Outras existem, que só o são na boca dos portadores de rolos de tinta ou talochas, empoleirados nos andaimes que se abeiram dos passeios nas ruas em que transitam e que as ordenam princesas com piropos foleiros. 
Ainda outras, recebem tal lisonjeira designação por regularmente se verem rodeadas de seres do sexo masculino, com que trabalham, e cuja abordagem provoca inveja nas trabalhadoras que são autênticas rainhas, portadoras de um espelho mágico que identifica as princesas como as mais belas do reino.
 Espero que as coincidências com a história dos irmãos Grimm se fiquem por aqui, senão terá um príncipe enamorado que dar um beijo cheio de amor, para livrar a sua princesa das artimanhas malvadas da rainha má.
 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Perdeste dinheiro? Chama as caça moedas

 
A ciência continua a surpreender com as invenções mais bizarras e de utilidade mais duvidosa que se possa imaginar. Uma dessas criações foi os cyborgs detetores de metais. Andam por aí, espalhados pelas cidades, passando despercebida a sua real natureza, até porque o seu aspecto cool, com alguma sensualidade à mistura, os confunde com os melhores exemplares humanos, no que ao aspecto físico diz respeito.
 Têm sido reportados avistamentos nos locais mais emblemáticos das principais cidades do mundo. Paris, Londres e Nova York são o habitat preferido destas autênticas máquinas caça moedas.
A procura tem sido tanta que já se produzem cópias pormenorizadas de humanos com certo nível de popularidade. A maior parte destes robôs são inspirados no sexo feminino mas já se produzem exemplares inspirados no ser másculo.
 Já se fala que estão a ser criadas séries à prova de água para realizar um trabalho pelas praias. Se a moda pega, lá vai o ganha pão daqueles senhores que andam com as antigas máquinas detetoras de metais a rastrear a areia em busca da felicidade no que outros deixaram para trás.
 Se decidirem substituir os caça fantasmas é ver por aí máquinas carregadas de sensualidade com malas de viagem às costas.
 

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A noite de quem trabalha à noite

 O escuro toma conta do dia e é interrompido apenas pelos luzeiros que iluminam as casas e os caminhos. O corpo, habituado ao movimento diurno, tende a ficar enturpecido quando o sol se esconde, tudo porque, ao contrário dos animais nocturnos, como a coruja, o rato, ou o escorpião, os humanos não foram concebidos como notívagos. Mas há que arrebitar, que a procissão ainda vai no adro, e há uma noite de trabalho pela frente.
 O sistema digestivo, ainda em jet lag, tende a trazer algum desconforto que se dissipa com as primeiras noites. Só que, qual sol de pouca dura, quando finalmente se adapta às circunstâncias, vê-se substituído pelo cérebro e o seu córtex cognitivo, que dá sinais de perder a sua sintonia genética devido à falta de sono, e provoca um irritante mau humor, que tem reflexos na família e em quem nos rodeia.
Viramos um autêntico saco de Peta Zetas pronto a estalar incomodamente no dia a dia de alguém.
Conforme as horas passam, o cansaço substitui a concentração e a probabilidade de cometermos erros aumenta exponencialmente.
 Como se todos os contras não fossem razão mais que válida para valorizar estes seres, ainda vemos o seu esforço ser tão depreciado ao ponto de as próprias refeições, e estou a generalizar, serem banalizadas quanto à qualidade e diversidade.
 A função pública tem um horário de trabalho reduzido em relação ao privado, mas os trabalhadores em regime de turno não têm, como deveria ser lei, um regime de horário, férias e reforma próprios do desgaste a que estão sujeitos.
 Tudo é compensado com 25% de pagamento extra, como se isso resolvesse os problemas de saúde física e psicológica a que estão sujeitos, como se isso resolvesse a redução na esperança média de vida de quem trabalha nesse regime.
 Fica lançado o repto aos parceiros sociais, ou aos patrões só por si, para que possam olhar para esta realidade que afecta tantas famílias e ajudem os seres da noite a ter outra qualidade de vida.
 Até lá, e porque este não parece ser um problema com resolução no horizonte, temos um papel activo no nosso bem estar, principalmente quando está envolvido o trabalho nocturno.
 Faz por ti e cuida da tua saúde por teres hábitos de vida saudáveis. Pratica desporto de uma forma regular, seja por caminhar, correr, nadar ou andar de bicicleta, o importante é que sejas activo. Não fumes, evita beber álcool, mas só em excesso. Porquê acabar com os pequenos prazeres da vida? Junta a isso uma dieta saudável, rica em frutas e legumes e pode ser que assim consigas fazer desta adversidade uma oportunidade de melhorares a tua vida. 
 Luta pelo teu bem estar. Vai em frente. Boa noite de trabalho.

domingo, 1 de janeiro de 2017

2017 - é hora de viver!

  Saúde, dinheiro, paz e outras tretas
Estes são talvez os desejos que mais ouvimos no início de um novo ano.
Mas porque não pensar em desejos mais realistas?
Pensar em realizações possíveis? Ou em realizações difíceis de concretizar mas que dê um grande gozo lutar por elas?
 Porque não ter como resolução para 2017 fazer algo por ti mesmo? Perder peso, fazer desporto, uma viagem, uma viagem à volta do mundo de mochila às costas! Ou então à volta da Europa ou só do teu país. Mudar de hábitos! Realizar sonhos.
 Porque não juntar sonhos com alguém? Para isso aprende a partilhar, a partilhar um sorriso, a partilhar um momento, a partilhar um lugar, uma paisagem, a partilhar a vida.
Aprende a amar quem te ama, ou quem não te ama mas que precisa de um click no coração para acender o amor por ti. Faz por quem amas, oferece flores, escreve um poema, uma carta, um livro, ou o que quer que seja, faz pela vida. Dá de ti, dá o teu melhor e não desistas na primeira adversidade.
 Solta-te dos medos que te prendem, o medo pode prender a realização do que sonhas, tem coragem. 
 Não te acomodes demais. Se achares bem, foca-te em viver, mas viver com intensidade, viver com paixão e alguma loucura à mistura. 
Dirão os mais conservadores que estas não são as melhores realizações. Mas quem são eles, ou eu, ou outra pessoa qualquer, para dizer o que são bons objectivos? Essa é uma decisão pessoal e cabe-te a ti fazer essa escolha, cabe-te a ti agir.
 É por isso que, ao contrário de outros hábitos, gosto de fazer essa transição na quietude do frio alentejano. 
 É um ambiente que me permite fazer uma introspecção sobre as minhas vivências. 
 Ao som dos estalidos da lareira, penso em como foi o meu ano e como gostava que fosse o próximo. Continuar a encher este blog de experiências pessoais e das coisas que me enchem a mente e o coração é dos meu maiores objetivos. Aliás, ter iniciado este processo foi das maiores realizações do último ano.
  No ano que vai assinalar as minhas quatro décadas de vida, quero experiênciar novas vivências, ou repetir as melhores. Quero partilhar, dar de mim, fazer pela vida e amar. Amar com vida, amar com prazer, amar com tudo o que tenho, até não ter mais amor para dar.
 Que este ano permita, daqui a 365 dias, fazer uma retrospectiva, sem ressentimentos, com a certeza de que fiz o possível para ser feliz.